95 Suelen Marchetto [...] de um lado, estariam as pedagogias que pretendem a conservação da sociedade e, por isso, propõem e praticam a adaptação e o enquadramento dos educandos no modelo social e, de outro, as pedagogias que pretendem oferecer ao educando meios pelos quais possa ser sujeito desse processo e não objeto de ajustamento. (LUCKESI, 2005, p. 31). Os modelos de educação e de sociedade exigem práticas de avaliação diferentes. Conforme Luckesi a avaliação dentro do modelo liberal conservador é autoritária, “pois esse caráter pertence à essência dessa perspectiva de sociedade, que exige controle e enquadramento dos parâmetros previamente estabelecidos de equilíbrio social”. (2005, p. 32). A avaliação das aprendizagens nas pedagogias, que querem produzir uma sociedade mais igualitária, pretende superar o autoritarismo e produzir autonomia e participação democrática. Assim, a avaliação emancipatória está inscrita nas pedagogias que pretendem uma transformação da realidade. Conforme Saul (2008, p. 21): O paradigma da avaliação emancipatória, tendo como referências teórico-metodológicas a avaliação democrática, a crítica institucional, a criação coletiva e a pesquisa participante, constituiu-se em matriz praxiológica que descreve, analisa e critica uma dada realidade, visando a transformá-la. Segundo Rosa Maria Pinheiro Mosna (2014) o modelo de escola que caracterizou a escolarização do Estado, a partir da modernidade, e se constituiu funcional ao modo de produção capitalista, concebe a avaliação com caráter classificatório, de medição e controle, com a finalidade de diferenciar/excluir/rotular os que sabem daqueles que não sabem. Essa forma de avaliar é contrária a própria etimologia e a essência do ato avaliativo: A avaliação, portanto, constitui-se em um ato dinâmico e permanente realizado invariavelmente por todas as pessoas nas mais diversas situações do cotidiano – individuais ou profissionais -, em algumas formas consciente e em outras, implicitamente. Ela é indispensável e necessária para a realização e qualificação de nossas ações e/ou decisões, sejam simples ou complexas. (MOSNA, 2014, p. 208). Da mesma forma, Luckesi (2005, p. 33) caracteriza a avaliação “como uma forma de ajuizamento da qualidade do objeto avaliado, fator que implica uma tomada de decisão a respeito do mesmo, para aceitá-lo ou para transformá-lo”. Assim, a avaliação é entendida como um juízo de valor pela aproximação com o objeto avaliado, com base
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