86 Avaliação emancipatória no Ensino Médio Politécnico movimento de reprodução da lógica social maior, a lógica da sociedade da disputa, em que as pessoas não aprendem a somar umas com as outras, mas aprendem a lutar para eliminar e avançar no sentido de ocupar os postos mais altos dentro da pirâmide social capitalista. A visão meritocrática, organizada no processo avaliativo de seleção e classificação, não tem compromisso algum de fazer com que todos possam atingir os objetivos da educação, da disciplina, do movimento da área de conhecimento. Muito pelo contrário, o seu objetivo é preparar para o espaço de fora da escola de forma a ensinar aos alunos como podem, supostamente, vencer na vida. Consequentemente, isso culmina em um processo educacional e de relação humana de disputa, onde há uma reprodução da lógica que coisifica o homem e o transforma em objeto um do outro. Nisso, o educando não é sujeito de sua aprendizagem, mas mero objeto do ensino – sendo tratado como número. Da mesma forma, seu conhecimento é quantificado. Nesse sentido, a escola de linha meritocrática apenas aparentemente está disponível para todos. A permanência e a produção do sucesso dependem das condições de promover o ensino e aprendizagem na escola, e das disponibilidades dos próprios sujeitos em aproveitar dessa escola o seu máximo possível. Estas últimas condições dizem respeito muito mais à materialidade da vida humana, se expressando nos elementos de subsistência econômica, do que do ponto de vista motivacional específico e, pontual, em relação ao desejo de aprender determinado conhecimento. Não é possível destruir a escola antiga. A correlação de forças entre dois modelos escolares foi o que observamos durante a implementação do EMP, aflorando contradições, sendo travada uma espécie de enfrentamento à exclusão escolar. De um lado, o modelo clássico com uma tipologia avaliativa certificatória e meritocrática, um currículo fragmentado e uma pedagogia bancária originando uma lógica escolar toda especial voltada à conformação e reprodução da estrutura da sociedade fora da escola. De outro, uma perspectiva de uma educação emancipatória, voltada à formação para a criticidade, cidadania, objetivando elevar as consciências dos estudantes a outro patamar, de uma compreensão acerca de como a sociedade está estruturada e possibilitando a eles, no decurso do Ensino Médio, produzir instrumentos capazes de intervir nas suas realidades a nível micro e também macro. A convivência desses dois modelos prejudicou a implementação da nova proposta educacional, mas também aflorou nas contradições os
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