Políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

83 Jonas Tarcísio Reis ascender socialmente, por via desse modelo de educação formal que assumia um caráter altamente selecionador, com efeito, meritocrático. Noutra pesquisa realizada com professores atuantes no EMP, Zambon (2015, p. 250) constatou que a AE, por conta de “exigir um acompanhamento contínuo da aprendizagem dos alunos, ao longo do processo de ensino, fornece melhores indicadores sobre os avanços dos alunos”. Tal concepção de avaliação presume uma visão de totalidade, exigindo compreensões mais complexas e precisas acerca da interação aluno-saber, não se restringindo à clássica lógica da compartimentalização do conhecimento e da avaliação parcelada, por produtos, provas e testes pontuais, simplesmente verificadora da memorização de dados, informações, axiomas, teoremas e conteúdos de forma isolada em disciplinas, totalmente divorciadas do fundamento do diálogo interáreas. Nessa mesma direção, Roos (2015, p. 94) assegura que no modelo precedente ao EMP: A avaliação [...] era, em grande parte, quantitativa e individualizada por cada disciplina, enquanto que a proposta tem, como base principal, o fator qualitativo e uma visão mais global por áreas de conhecimento. Ficou difícil para a escola que era conservadora nesse quesito abrir-se para uma nova forma de pensar a avaliação. Ao discutir os meandros dos processos avaliativos no âmbito da última etapa da Educação Básica, Mosna (2013) tece uma crítica à avaliação e destaca também o poder de realização de exclusão através dela. Uma avaliação voltada à seleção e à meritocracia. A autora apresenta uma reflexão em relação ao papel da avaliação que busca medir o conhecimento e a aprendizagem no âmbito da escola tradicional: A avaliação escolar na feição de mensuração de resultados para classificação tornou-se um potente instrumento que simboliza o poder de excluir, de estigmatizar, de dominar, e contribuiu para que a escola desempenhasse o papel de responsável por um processo de “seleção natural”. (MOSNA, 2013, p. 224). A avaliação classificatória se assenta no castigo, na punição, no fracasso escolar, sendo geradora de exclusão. Ela é uma das colunas vertebrais que sustentam a estrutura de uma escola anacrônica e obsoleta, calcada em preceitos de um modelo social preconizador do mérito. A escola, enquanto instituição reprodutora, recebe a missão de controlar e selecionar os indivíduos em formação e, consequentemente, direcioná- -los a diferentes âmbitos da atuação social.

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz