82 Avaliação emancipatória no Ensino Médio Politécnico PROFRJ aponta que houve um processo de crítica por parte dos professores à implementação da nova fórmula avaliativa. Porém, compreende a positividade e os avanços alcançados. Assim, considera positiva a implementação da AE, uma vez que consegue mexer nas estruturas de conceituação e de utilidade da avaliação. Percebemos, no entanto, que os professores passam a converter as notas de percentuais nos conceitos CSA, CPA e CRA. Esse movimento demonstra a grande dificuldade que a escola tem em se desvencilhar da avaliação por notas, por números, a avaliação quantificadora, seletiva, ranqueadora e classificadora, historicamente enraizada, tornada padrão intransponível. Os relatos nos permitem realizar algumas inferências quanto às vinculações do conceito e das fórmulas avaliativas existentes em relação aos objetivos e a proposta de educação, como um todo, e do Ensino Médio, especificamente. Sabemos que a escola tradicional fora pensada com a finalidade de formar indivíduos condicionados, capazes de integrar os processos produtivos reproduzindo a ordem cultural, social e econômica vigente. Nesse movimento, a escola objetivava desenvolver crianças e adolescentes com aptidões e atitudes necessárias ao vigente cenário do mercado de trabalho, conforme Enguita (2004, p. 30): “submissão, disciplina, acatamento de ordens, repetição, memorização”. Portanto, a ligação com o processo avaliativo é muito próxima, uma vez que o objetivo dessa escola é formar para submissão, sujeitos disciplinados, capazes de acatarem ordens e repetirem movimentos e ações, memorizarem processos e procedimentos a serem desempenhados no mercado de trabalho. (KUENZER, 2005). Destarte, conforme os estudos de Luckesi (2002), a avaliação classificatória institui-se como um componente muito forte na chamada pedagogia do exame. Esta expressão é utilizada para se referir a um tipo de educação que definia os conteúdos socialmente válidos e, através da avaliação, buscava entregar um certificado escolar que diferenciava os indivíduos socialmente. A avaliação não era vista como instrumento capaz de contribuir na aprendizagem de todos. A avaliação auxiliava a reproduzir, dentro da escola, um sistema de diferenciação social e legitimador da exclusão. Com isso, percebemos a exclusão escolar sendo responsável pela manutenção da exclusão social das camadas mais subalternas e pela permanência dessas camadas nas posições sociais que sempre ocuparam, uma vez que apenas alguns indivíduos conseguiam
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