Políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

81 Jonas Tarcísio Reis menção aos conceitos e a forma como os professores agiram diante da sua implementação: “Os professores de pronto negaram, fizeram negação total, criticaram em absolutamente tudo porque estavam acostumados com a avaliação numérica quantitativa e esse trabalho, por conceitos, valorizava, de certa forma, o trabalho qualitativo. O trabalho qualitativo, então, tu tinhas que sair da letra fria, do número frio ali colocado, como é que um aluno é 6? Como é que com um professor ele é 6, com outro é 10, com outro é 2, sendo o mesmo aluno porque ele acertou “X” questões de uma prova com 10, aí isso da nota e o restante e a participação então o CRA ou CSA ou CPA, eu não lembro, fez com que houvesse esse movimento um pouco mais; só que isso desacomodou os professores e os próprios alunos se assustaram também porque não saberiam mais quanto que eles estavam valendo. No início, foi bastante difícil até que em reuniões se criou parâmetros, então: o CRA, que era a construção restrita do conhecimento, valeria acho que 49% para baixo; o CPA, que era a construção parcial, valeria de 50 a 70, por exemplo, por cento; e o CSA, que é construção satisfatória, valeria de 71 a 100%. Então, os professores, para conseguir se organizar, porque sem uma formação precisa, sem uma construção desta ideia, tu não consegues modificar, porque o professor ele é formatado nesta forma de avaliação. Um professor vem formatado, um professor trabalha com a gavetinha, abre e fecha, ‘eu te dou tantos exercícios’, ‘tu tem que fazer tanto e vale nota’ – até hoje têm professores com muita dificuldade de aceitar em deixar um percentual para participação efetiva do aluno. Quando eu faço os conselhos de classe, tento fazer com que outra pessoa pense sobre as condições daquele aluno ali, se é um aluno que todos os professores percebem que tem dificuldade e é comprovado que existem dificuldades de aprendizagem, mas é extremamente expressado: tu não pode ficar na letra fria ali, do passou/reprovou, tem que considerar o histórico em um todo, tem que contextualizar esse aluno. E então, quando surgiu esse CSA, CPA e CRA, a gente conseguiu movimentar um pouco mais essas estruturas, mas também não foram todos os professores que aceitaram”. (PROFRJ, grifos nossos).

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