78 Avaliação emancipatória no Ensino Médio Politécnico Houve uma mistura. Alguns professores criaram pontos. Eles trabalhavam com notas e, no final do trimestre, transformavam aquela nota em conceitos para o aluno. Isso foi bastante complicado, o aluno que estava acostumado e os pais também. Os pais que estão acostumados em enxergar, assim, meu filho é 5, é 6, é 8, é 10, não conseguiram entender que uma sigla poderia significar um universo maior. “[...] Os alunos se jogaram bastante nas cordas, a gente percebeu isso. Eu acho que os professores têm uma responsabilidade pelo seu desânimo e, de certa forma, algumas pessoas passaram isso também para os alunos. Foi um período conturbado”. (PROFRJ, grifos nossos). PROFMR revela que a implementação dos conceitos na AE incomodou muito o corpo docente e também os alunos, pois desejavam avaliação por notas. Quando observamos os professores criando uma escala de números para enquadrá-la dentro dos conceitos da AE (CSA, CRA e CPA), há um princípio ideológico inerente a esta prática. A ideia de que a livre ação deve ser utilizada para quantificar o conhecimento está ligada a um princípio meritocrático. Muitas vezes significa observar quem consegue decorar mais do que os outros um determinado conjunto de conteúdos. A prática de descrever o processo de aprendizagem e, assim, observar as insuficiências do ensino não está na ordem do dia da escola de orientação meritocrática. A implementação da AE foi um processo conturbado. Esbarrou um pouco na tradição de uma avaliação certificativa e classificatória, enraizada nas escolas de Ensino Médio. A tradição das notas para avaliar os alunos necessitava de processos formativos mais qualificados conforme relatam os entrevistados. A prática da autoavaliação é apontada como positiva na fala de PROFAM. Na lógica de dar voz ao aluno, permitia a emergência de elementos positivos a fim de colocar ao aluno a possibilidade de maior comprometimento com a sua própria aprendizagem, uma vez que necessita efetuar o processo de voltar para si mesmo e observar a forma como se comporta – não só diante dos processos pedagógicos como em relação às suas necessidades, desejos e anseios frente à escola. PROFRJ menciona que muitos alunos viram a proposta da AE como uma facilitação para passar de ano e, por isso, observou que eles começaram a se empenhar de forma diferenciada nas disciplinas, prin-
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