Políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

53 Edson Leandro Hunoff Tavares CONCEPÇÕES SOBRE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA EDUCAÇÃO A ideia de mudar o enfoque, a partir dos anos 1980, na América Latina, da expansão do sistema escolar para se concentrar no que se passava dentro deste sistema, numa alteração do foco na quantidade para o da qualidade, buscava amparo numa regulação através da área do conhecimento da Gestão da Educação. Porém, os objetivos de tais políticas fracassaram, e nas palavras de Casassus (2009, p. 172): Uma das razões primordiais deste fracasso foi nunca se ter dito o que se entendia por qualidade da educação. De facto, o que era a qualidade nunca foi debatido e, portanto, nem sequer houve uma tentativa de consenso. É surpreendente que nunca se tenha dado conteúdo à palavra qualidade. Como no princípio do século XX, quando se discutiu sobre o que era a inteligência e sobre a dificuldade de definir e se concluiu que inteligência seria o que fosse medido pelos testes de inteligência, com a qualidade da educação usou-se um processo semelhante: a qualidade foi interpretada como sendo equivalente a uma pontuação numa prova estandardizada. Em mais do que um sentido, os testes de inteligência foram os precursores dos sistemas de medição da qualidade da educação. A ausência de conteúdo e de consenso sobre o que viria a ser “qualidade da educação” acabou por deixar subentendido que todos entendiam o que era, e para sustentar qualquer política educacional formulada, bastava dizer que tinha por objetivo “a melhoria da qualidade da educação”. Para Casassus, estas políticas não eram em si educacionais, mas sim de gestão do sistema escolar. O autor alerta para o fracasso dessas políticas de gestão através da medição da qualidade da educação, pois não houve progresso e em alguns países, pelo contrário, houve até um declínio nos seus resultados, agudizando as desigualdades sociais e as disparidades internas dos sistemas escolares. Pensar a qualidade da educação como um objetivo e uma finalidade educacional, nos leva a pensar que ser humano e qual sociedade desejamos construir. Voltamos ao entendimento de Valdés (2008, p. 71), que fala numa educação holística: racional, corporal e emocional, e não simplesmente a busca de resultados quantitativos nos indicadores educacionais nas avaliações em larga escala dos sistemas escolares. É um grave erro querer equiparar a qualidade da educação com uma determinada pontuação nas avaliações em larga escala, como se isso

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