Políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

279 María Julieta Abba Após a análise dos modelos universitários inspirados na contribuição de Darcy Ribeiro (1975), descobriu-se que cada um deles abriga também um modelo de internacionalização da educação superior que adquire o mesmo nome. Desta forma, apresenta-se o terceiro tópico da pesquisa, que é um dos principais deste trabalho. A revisão bibliográfica sobre internacionalização trouxe a identificação dos seguintes mitos deste processo em nível internacional (STRECK e ABBA, 2018): a) é neutro e objetivo; b) é uma temática nova; c) é apenas para o ensino superior; d) envolve apenas aspectos relacionados à mobilidade internacional; e) tem um retorno maior, em termos de qualidade, se for realizado com universidades localizadas nos países do “norte”. Se voltarmos à definição de universidade questionada, veremos como essas características fazem parte desse primeiro modelo de universidade, conformando um tipo de internacionalização questionada. No entanto, o segundo modelo universitário também dá origem a uma internacionalização necessária, caracterizada pela promoção da cooperação horizontal, solidária e recíproca, que prioriza as parcerias e as trocas sul-sul. Inspirando-se nestes fundamentos, esta perspectiva vê na internacionalização um processo de democratização e inclusão, que promova um pensamento crítico e (des)colonial. Nesse sentido, são importantes algumas contribuições feitas desde o sul (CUNHA, 2016, PERROTA, 2016, RINESI, 2013, TANGELSON, 2014), para a análise da internacionalização no contexto latino-americano. Estes aportes teóricos colaboraram para remover o manto de neutralidade e objetividade que se tinha colocado ao processo de internacionalização, alertando sobre sua intencionalidade política e ideológica. De acordo com a concepção gramsciana de dialética (GRAMSCI, 1999), o fato de as relações da dimensão teórica da pesquisa (“antagonismos-semelhanças” e “questionada-necessária”) estarem sob tensão não implica que um elemento elimine o outro, mas que ambos coexistem em uma relação de disputa. Além disso, esses modelos foram aqui definidos teoricamente, mas na prática não se manifestam em seu estado puro. No que diz respeito à internacionalização, por exemplo, podemos encontrar universidades que têm uma missão institucional enquadrada na perspectiva de uma internacionalização questionada e em seu interior, ter práticas ou experiências dentro de uma perspectiva de internacionalização necessária; ou vice-versa. Por isso, é interessante analisar várias experiências universitárias, desde a teoria e a empírica, para observar o comportamento dos limites e o potencial que eles apre-

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