270 Tensões e enfrentamento da RSU frente à produção do conhecimento: desafios e prática produção do conhecimento. Podemos tomar como início das mudanças, os anos de 1990, momento em que as universidades se defrontaram com novas demandas da sociedade. Tais demandas se enredam com a privatização, mercantilização, internacionalização da educação e com a disseminação de novas tecnologias. De acordo com Dardot e Laval (2016), as novas demandas passaram a se manifestar por meio de um novo vocabulário social. O sujeito do presente é produzido a partir de um arranjo social que tem suas origens num modelo de sociedade que intensifica e imprime novas aparências para esse sujeito. Para os autores, “a concepção que vê a sociedade como uma empresa constituída de empresas necessita de uma nova norma subjetiva, que não é mais exatamente aquela do sujeito produtivo das sociedades industriais (DARDOT; LAVAL, 2016, p. 321), mas uma concepção que usa do discurso educacional motivos para se auto sustentar. Decorrentes desses discursos, surge a necessidade de atualização e de modernização, devido às profundas mudanças ocorridas no cenário econômico e social em nível mundial. Com essa finalidade, as universidades são convidadas a repensar o perfil profissional dos estudantes, as competências que cada curso visa desenvolver e o ingresso no mercado de trabalho. Com base nesse diagnóstico, a problemática que se coloca frente a universidade, configura- -se como um cenário típico do sistema neoliberal. Nessas condições, a universidade passa a ser vista pela sociedade como uma instituição que precisa dar respostas a sociedade por meio da educação. Esse formato de universidade atrelada ao mercado, tem interferido significativamente na noção de RSU difundido por Vallaeys (2006), onde o autor concebe a ideia de RSU como um princípio, um compromisso e um processo socialmente ético envolvendo toda a sociedade. Ao pensar a universidade imersa nesse contexto, nos perguntamos: que práticas seriam suficientemente apropriadas para dar conta das exigências que a universidade está sendo cobrada? Santos e Almeida Filho, ao tratarem sobre “A Quarta missão da Universidade”, afirmam que a universidade tem uma autonomia que lhe garante a liberdade. [...] a autonomia universitária não pode ser sinónimo de concorrência desqualificada ou da falta de exigência e de qualidade. O exercício da autonomia pelas universidades deve enquadrar-se no âmbito de um sistema regulado, e fundar-se no princípio da responsabilidade social das universidades, que
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