232 Do papel da universidade aos fundamentos do MESP: uma análise da colaboração acadêmica ca docente, quando o estudante não é um objeto a ser moldado pelo professor. A importante relação entre educação e política, no sentido de formar o humano para a vida na polis é descrita já em Aristóteles, ainda que a educação na antiguidade não fosse parecida com a que temos após a institucionalização: Ninguém contestará, pois, que a educação dos jovens deve ser um dos principais objetos de cuidado por parte do legislador; porque todos os Estados que desprezaram prejudicaram-se grandemente por isso. [...], Mas como existe um objetivo único para a cidade, segue-se que a educação também deve ser única para todos, administrada em comum, e não entregue aos particulares como se faz hoje dirigindo cada qual a educação de seus filhos, e dando-lhes o gênero de instrução que melhor lhe parece. (ARISTÓTELES, 2008, p. 149). O debate de Aristóteles propõe a reflexão acerca dos princípios que melhor serviriam à educação para consolidar a base sólida do governo. Assim, tendo visto que a relação entre política, ética e educação não é privilégio de uma corrente de pensamento específica da modernidade, mas vem de longa data, passamos ao debate de fundo entre o MESP, Weber e as “teorias críticas”. A proposta de dissolução entre política, ética e educação, pelo MESP, parte da pressuposição de há “doutrinação político-ideológica” em sala de aula. Não questionamos os fatos, pois de antemão o sociólogo da Universidade de Brasília afirma, a dificuldade em detectar os fatos: A favor da militância político-ideológica do professor, disse Vladimir Lenin, o líder da revolução soviética: “O essencial em toda escola é a orientação ideológica e política do ensino, o eu é determinado inteiramente pela composição do corpo docente. Dai-me uma instrução pública que doutrine 100% e eu vos dou um comunista irresistível.”. Será esse o entendimento dos gurus da educação brasileira quando falam em “formar consciência crítica” dos alunos? Nesse caso, eu começaria observando o seguinte: ainda que inúmeros professores entendam que a doutrinação político-ideológica seja parte de sua missão profissional, é muito difícil sabermos se esses professores estão doutrinando efetivamente os seus alunos, especialmente no que concerne ao trabalho realizado na sala de aula que goza da proteção estendida da liberdade de cátedra. (MATOS, 2018)6. 6 O autor esclarece quem são os gurus: “Via de regra, ou os colegas da área simplesmente ignoram as críticas feitas a quaisquer bobagens ditas por seus gurus (Freire, Saviani, Libâneo, Arroyo, etc.) [...]”
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