Políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

230 Do papel da universidade aos fundamentos do MESP: uma análise da colaboração acadêmica E se é verdade que existem teorias antagônicas para a explicação dos fenômenos (sobretudo nas ciências sociais), isso significa que o professor deve apresentar essa diversidade teórica aos alunos para permitir-lhes refletir autonomamente sobre cada teoria, ao invés de sonegar evidências com o fim de induzi-los a aceitar uma delas. (FILHO, 2018a). Apenas de longe podemos considerar que o estudante seja pensado aos moldes de John Locke, isto é, como uma criatura que deve ser preenchida com saberes e moldada intelectualmente por seus professores. Entretanto, caso essa não fosse a perspectiva limite de influência docente o MESP estaria, por si mesmo, condenado ao fracasso. O distanciamento histórico entre Weber e o MESP não permite a afirmativa de que contemporaneamente a condição do estudante é estar “condenado ao silêncio”. Principalmente se há tamanha influência da escola crítica na formação dos docentes, como afirma um dos acadêmicos. É importante restabelecer alguns princípios hoje esquecidos, mas que são fundamentais para a educação de nossos jovens. A tentativa esquerdista é de transferir a educação dos jovens para o controle do Estado, como propõe Moacir Gadotti: Todavia, o traço mais original da educação desse século é o deslocamento de enfoque do individual para o social, para o político e para o ideológico (grifo nosso). A pedagogia institucional é um exemplo disso. A experiência de mais de meio século de educação nos países socialistas também o testemunha. A educação, no século XX, tornou-se permanente e social. (GADOTTI: 2000. p. 4) Como se vê o autor coloca como modelo a educação nos países socialistas, sem esclarecer o que entende por “países socialistas”, seria os que seguem o “socialismo de estado”, ou os que seguem os postulados do “marxismo-leninismo. Esta visão de institucionalização da educação é originada nos ensinamentos de Paulo Freire (1921-1997) e continuados por Moacir Gadotti (1921 -), porém a origem desta militância está em Karl Marx (1818-1865) e Gramsci (18911937). É a visão marxista que domina soberana em nossas escolas e que se revolta quando confrontada com posturas mais conservadoras. (RODRIGUES, 2018). Logo, se o estudante possui vez e voz para trazer seu cotidiano para o contexto da sala de aula, não se pode afirmar que há uma condenação ao silêncio. No entanto, mesmo à tentativa de retirar o estudante de sua condenação ao silêncio, como propunha Paulo Freire, há uma crítica forte que aparece, como no exemplo, baseada em situações hipotéticas:

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