Políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

228 Do papel da universidade aos fundamentos do MESP: uma análise da colaboração acadêmica temporâneos de Weber, se detinham com o dilema da pertinência das atuais ciências humanas. A preocupação de Weber com a condição de professor-cientista em um momento político específico para seu povo o levou a expressar uma visão de como deve ser um professor frente ao público “condenado ao silêncio”. Nessas condições Weber apontou como solução uma moral docente pautada no ideal do cientista da natureza. E ainda que prescreva um perfil para o professor, deixa claro que a condenação desse professor se dá “no foro de sua própria consciência”. A sensibilidade5 necessária para exercício docente, em última instância, é mediada pelo diálogo entre o docente e sua própria visão sobre sua profissão. É desse raciocínio que poderá decorrer o ataque ferrenho do MESP às universidades que formam professores. A familiaridade entre Weber e o MESP está naquilo que foi tornado clássico para a educação pelo Movimento, isto é, o que atravessou o contexto de Weber e pôde ser aplicado em nossa própria experiência. O movimento considera clássico que o professor possui “audiência cativa” dos estudantes, que a política não possui espaço na sala de aula, que o único modo de garantir integridade intelectual ao estudante é regular a prática pedagógica e que o único conhecimento válido é o conhecimento objetivo. Ao estudante cabe refletir sobre os conhecimentos e teorias que lhe forem apresentados, a confiabilidade será resguardada pelo princípio da neutralidade axiológica. Essa recai sobre o professor pesquisador denotando a neutralidade pedagógica. A partir do exposto podemos destacar os seguintes estranhamentos: “O estudante é audiência cativa? Isso possui o mesmo sentido de ‘condenado ao silêncio’, como no texto de Weber? Quando se afirma que ‘educação é um ato político’ o que há de consistente nesse enunciado? Ele é contraditório ao MESP? As ciências da natureza são a única fonte segura para o conhecimento escolar?”. O fantasma da ideologia que paira sobre a educação é alimentado por equívocos visíveis nos artigos, como a utilização de casos específicos para abordar uma categoria de trabalho em sua totalidade e má leitura de pensadores como Paulo Freire e Dermeval Saviani, assim como já foi possível observar, da obra de Weber. 5 Sensibilidade, nesse contexto, não denota melindre ou ternura, isto é, possui o sentido da capacidade de percepção do que está acontecendo e como/se é possível lidar com isso que se apresenta.

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