Políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

223 Verônica Ventorini Ferreira Nos itens I, II, V, VI e VIII temos suficiente dimensão do compromisso entre universidade e sociedade. Nosso papel universitário possui o sentido de externar o conhecimento desenvolvido, conhecimento esse que inicia com o direcionamento do olhar do pesquisador para o mundo comum. Para além disso, no item V, fica exposto o dever de manter o diálogo entre o passado e o presente, bem como devolver à sociedade os frutos desse diálogo e os frutos de nossas pesquisas, sem esquecer que participamos de um nível mais elevado de ensino, e que por sua condição elevada deve auxiliar o desenvolvimento da educação básica. Assim, podemos afirmar que de um sistema que é constituído para profissionalizar e bacharelar indivíduos de uma nata social, política e cultural, a universidade brasileira se consolida com potencial para auxiliar no processo de desenvolvimento da tecnologia e da humanidade. Embora não de modo absolutamente consensual, predominam hoje os julgamentos de que a universidade deve motorizar as transformações exigidas pela nova economia de mercado. Mas também cabe à universidade – e está é uma bandeira histórica, essencial e indescartável – elaborar uma compreensão ampla e fundamentada relativamente às finalidades e transformações da sociedade. (SOBRINHO, 2005, p. 165). A jovem universidade brasileira não chegou a desempenhar com todo seu potencial a elevação da sociedade, a promoção da humanidade e o desenvolvimento econômico, mas já sente as pressões da ortodoxia neoliberal para fixar seu olhar no mercado e disponibilizar a pesquisa como mercadoria, muito mais do que como bem público. O estreito vínculo do conhecimento com a economia gera uma pesada tendência de comercialização e privatização da educação superior, que se manifesta na cultura empresarial, no aparecimento de novos provedores privados, no desdobramento espacial das instituições, na redução do estudante ao estatuto de cliente e consumidor, na diminuição dos financiamentos do Estado, na transnacionalização, na lógica da competição, na hegemonia do quantitativo, da rentabilidade e do lucro, nas práticas gerencialistas, no uso privado dos espaços públicos. (SOBRINHO, 2005, p. 168). Ante o exposto, sobre o desenvolvimento da universidade brasileira, podemos afirmar que as disputas de concepções acerca do papel da universidade condicionam o desenvolvimento do conhecimento. Assim, uma universidade pautada por concepções pragmáticas e/ou mercadológicas invalidaria o desenvolvimento do conhecimento cuja

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