Políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

204 A trajetória de instituições de educação superior, dos docentes, dos cursos e das matrículas... Desta forma, como aponta Freitag (1987), o Estado assume para si a tarefa de criar e recriar espaços sociais que antes não estavam submetidos ao poder do Estado e mesmo em outros momentos ou contextos era de responsabilidade individual ou privada dos membros da sociedade. Este processo é possível porque é o próprio processo de acumulação que cria a sua visão e ideia de mundo. É a “posição de poder dos empresários, [que] abrange a capacidade de definir realidade”. Sendo este o grupo que constrói a realidade, ou a narrativa dominante, pois são os investidores que estão “em posição de estabelecer a realidade e os efeitos do ‘aperto’ nos seus lucros por meio das suas próprias interpretações”. (OFFE, 1991, p. 118). No contexto mais geral, o processo de acumulação capitalista desde o final dos anos de 1970 vive em um processo de transformação, passando da fase monopolista para a fase financeira, e, assim, necessita de outro tipo de Estado que possa regular este processo. Precisa de um Estado que regule a desregulamentação dos mercados existentes e passe para os cuidados do mercado bens e serviços que antes eram providos pelo próprio aparelho estatal. (WAISMANN, 2013). Desta forma, o capital reformula o modelo de desenvolvimento realizando transformações na forma de produção, bem como na regulação das relações de produção. (SOUZA, 2002). Agora incorporando o sistema de ensino como foco de atenção para o seu movimento de expansão e de suas formas organizativas materiais, simbólicas e culturais organizando segundo a lógica capitalista o que outrora possuía uma orientação pública. Este redirecionamento do Estado brasileiro é instruído pelas agências multilaterais, que são operadoras do pensamento neoliberal e concentram a hegemonia política e econômica. Suas orientações e ações mediadoras são seguidas por compartilhamento de visão de mundo das elites locais com as elites dos países (ditos) desenvolvidos por meio de uma intervenção consentida. Estas também reorganizam o próprio setor produtivo, exigindo toda uma reestruturação na forma de produção, que proporcionasse a manutenção e/ou aumento da participação no comércio mundial, por meio dos padrões internacionais que exigiam a incorporação da microeletrônica, bem como de outra cultura organizacional. Essas necessidades fizeram com que as empresas buscassem inovações organizacionais, investimentos em equipamentos. Nesta direção, foi necessário repensar a qualificação dos trabalhadores por meio de

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