166 Políticas de educação superior e avaliação no Brasil contemporâneo:... Nesse ínterim, é possível constatar que o ENADE vem perdendo sua real intenção à medida que não consegue estabelecer parâmetros para atender à realidade de cada curso e de cada universidade, ao invés disso, acaba gerando estratégias muito mais para melhorar a nota do que para promover conhecimentos. É de relevância destacar que os coordenadores não repudiam o processo de avaliação, mas que existe uma grande preocupação em melhorá-la para melhorar o processo de conhecimento, a estrutura da Universidade, dentre outros aspectos. Ao receber os resultados, as Instituições deveriam analisar o desempenho dos seus alunos (e cursos) e, em uma postura eminentemente pedagógica e acadêmica, tendo em vista a qualificação de ambos. Todavia, isso deve ocorrer sem perder de vista que a avaliação institucional não está centrada somente no ENADE, existindo outros componentes e indicadores a serem levados em conta. Há de se considerar, também, na visão dos gestores, que os resultados são instrumentos importantes de aferição da qualidade educacional e, ainda, servem para suprir a necessidade de informação à sociedade. Os resultados podem ser trabalhados nos cursos de forma a refletir sobre as questões em que os alunos estão errando e acertando. Cabe ressaltar que o envolvimento dos coordenadores com a avaliação institucional é importante, pois possibilita que todas as Instituições, bem como os alunos, possam ampliar a cultura avaliativa. Com isso, um olhar sobre como a Instituição trabalha esse conceito com os acadêmicos poderá resultar em formas mais elaboradas de como esses alunos realizam o ENADE, podendo esse servir como importante instrumento de avaliação dos cursos. Algumas Universidades brasileiras fizeram experiências importantes que foram desenvolvidas desde os anos de 1980 na perspectiva de fortalecer a avaliação como instrumento de democratização e consolidação institucional, dentre elas podemos citar a Universidade de Brasília – UNB, a Universidade Federal do Paraná – UFPR e a Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, contrariando o caráter produtivista e controlador e permitindo à Universidade assumir a titularidade tanto do currículo, quanto da formação. (DIAS SOBRINHO, 2003).
RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz