158 Políticas de educação superior e avaliação no Brasil contemporâneo:... que estão ligados à economia de oferta, ao monetarismo, a setores culturais neoconservadores, grupos opostos às políticas de redistribuição do estado do bem-estar, e a setores preocupados a todo custo com o déficit fiscal. Em outras palavras, é uma aliança contraditória. Tais modelos de estado são uma resposta às crises de confiança dos cidadãos são importantes para o exercício da representação democrática e confiança nos governos. Neste modelo culturalmente conservador e economicamente liberal, o estado, o intervencionismo do Estado e as empresas do estado constituem parte do problema, e não parte da solução. Como tem sido apontado em várias ocasiões pela ideologia neoliberal, o melhor estado é o governo pequeno. (p. 65). Oliveira (1999) descreve o momento atual como uma realidade regida pelo sistema de capitalização global que tem por base a história da luta de classes, opressor e oprimido - burguesia e proletariado. Os reflexos desse embate são sentidos na atualidade e em decorrência desse processo a sociedade burguesa moderna vive uma crise de produção, de troca, de propriedade e obsoletismo constante, resultando em uma crise de excesso, de demasia industrial e comercial. Dessa hegemonia, resultam algumas lógicas que precisam ser revistas, repensadas e colocadas em cheque, porque são as lógicas dominantes da realidade atual, ou seja, a da “monocultura do saber” e “do rigor do saber”; a lógica da “monocultura do tempo linear”; a “lógica da classificação social”; a “lógica da escala dominante” e a “lógica produtivista”. (SANTOS, 2002, p. 247-248). Em seu trabalho sobre a sociologia das ausências e das emergências, Boaventura de Souza Santos (2002, p. 247-248) procura explicar e pensar maneiras de suplantar essas ideias, identificando em diferentes países de distintos continentes como se processam a globalização hegemônica e a contra hegemônica, partindo do princípio de que os movimentos sociais podem ser o modo de reinvenção “da emancipação social”. (SANTOS, 2002, p. 237). Tratamos aqui somente das duas primeiras lógicas que nos interessam sobremaneira nesse trabalho. Embora elas não possam ser compreendidas em separado, entendemos que uma lógica maior domina a todas, que é a hegemonia do capital. A crise pela qual passam os sistemas educacionais pode ser explicada também sob essa ótica, considerando que a qualidade e eficácia da educação deixam de ser o fim último do processo de ensino, colocando à frente dos programas e reformas destinados à melhoria da educação à lógica de mercado segundo a qual a educação também se torna um
RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz