149 Cristiane Backes Welter As contradições apresentadas pelos sujeitos investigados são questões recorrentes em todos os estudos sobre a sistemática de avaliação da Pós-Graduação implantada pela CAPES, bem como nos documentos oficiais da agência. Isso porque existe uma forte crítica ao caráter homogeneizador do modelo de avaliação adotado pela Pós-Graduação estrito senso. Em contraposição, a maioria dos entrevistados ressalta a importância da existência de um processo de avaliação e da atuação de comissões de avaliação que são conhecedoras das especificidades de cada área de avaliação. Outra contradição expressa pelos entrevistados nessa avaliação é a ênfase dada na avaliação aos indicadores quantitativos, especialmente à produção bibliográfica. Porém não se nega a necessidade de existir uma divulgação dos produtos de pesquisas e estudos desenvolvidos na Pós-Graduação. Outros debates na área de educação indicam que, apesar de não negar a importância das publicações, inclusive de fazê-lo através da inserção internacional, existe um amplo questionamento dos docentes sobre a maior priorização e valorização desses produtos, e, ao mesmo tempo, uma pequena expressão na avaliação de produtos voltados para a melhoria da educação no âmbito local e nacional. Também é um terreno amplo de discussão a vinculação direta da avaliação aos financiamentos de bolsas, de programas e de apoios das agências governamentais. A competitividade estimulada entre os programas gera um sentimento de disputa não explicitada pelos financiamentos. Porém, essa é uma característica declarada do Estado Neoliberal e o rompimento dessa lógica só é possível através da proposição de modificações no modelo de avaliação e na política de financiamento da Pós-Graduação. No entanto, percebemos que a comunidade acadêmica desenvolve movimentos de aceitação desse modelo de avaliação. Outra discussão, específica do dia a dia da Pós-Graduação e da pesquisa brasileira, reflete a ausência de uma maior valorização na avaliação da dimensão social das propostas executadas e dos produtos desenvolvidos. O atual processo de avaliação da Pós-Graduação discrimina diferentes quesitos, indicadores e itens, como produção bibliográfica, qualidade dos veículos de divulgação, número de financiamentos para a pesquisa, tempo médio de titulação, número de titulados por docente, índice de evasão, mas essas exigências repercutem no cotidiano do programa de maneiras diferentes. Isso ocorre, porque o programa atua na análise, estudo e discussão desses elementos, através da coordenação e do colegiado.
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