Políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

145 Cristiane Backes Welter com o instrumento utilizado pela CAPES para coletar os dados do programa de Pós-Graduação, ao longo de um ano. O olhar da gestão, que está intrinsecamente ligado ao olhar do docente da Pós-Graduação, indica a necessidade de conhecimento dos instrumentos que coletam os dados da avaliação em larga escala na Pós- -Graduação, pois carregam todas as ações de um programa, ao longo do quadriênio avaliativo. Parece que o discurso da coordenação é coerente, na medida em que reforça a mobilidade daqueles que convivem com as ferramentas de avaliação da CAPES há mais tempo, pois já aprenderam suas nuances e seus limites. Enfim, mesmo cientes da necessidade de atenção e de interação com uma ferramenta idêntica para todo o país, a coordenação reflete que os esquecimentos ou enganos de preenchimento no relatório prejudicam a leitura dos avaliadores e perpassam uma visão equivocada da realidade do programa. Existe, pois, uma discussão sobre o modelo CAPES de avaliação, porém a ferramenta é apenas um instrumento que, se necessário, pode e deve ser aprimorado. A ESCUTA DOS DISCENTES DOBRE A AVALIAÇÃO EM LARGA ESCALA NA PÓS-GRADUAÇÃO Sujeitos importantes dentro da pesquisa, os discentes apresentam, em seu discurso, um elemento até então pouco discutido pelo segmento dos docentes e gestores: o desconhecimento sobre o processo de avaliação CAPES. Os mestrandos e doutorandos que responderam as questões abertas do questionário expõem claramente sua representação sobre a importância da avaliação em larga escala na Pós-Graduação brasileira e sobre sua participação nesse processo. Foi possível caracterizar quatorze ideias centrais que, basicamente, representam as percepções dos alunos à avaliação da CAPES na Pós-Graduação em educação, seus critérios, seu formato, sua divulgação e a contradição entre o que propõe como políticas educacionais e sua prática na realidade educacional brasileira. Todas essas ideias centrais evidenciam uma compreensão parcial ou inexistente por parte dos discentes sobre o processo de avaliação. Sguissardi (2006) indica que os condicionantes do modelo atual de avaliação, como a emissão de uma nota quadrienal e sua vinculação a liberação dos financiamentos, entre outros, são os principais responsáveis pela inexistência de mecanismos de escuta da participação dos

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