143 Cristiane Backes Welter As consequências dessas políticas para a qualidade e eficiência dos cursos de mestrado e doutorado nas instituições do país não vêm sendo ponderadas pelos órgãos competentes, e muito menos pela avaliação CAPES, que não diferencia essa especificidade entre os produtos da Pós-Graduação, no âmbito das instituições públicas e das privadas. As prioridades máximas das políticas atuais para a Pós-Graduação são o crescimento, a expansão e a instalação da estrutura de pesquisa no país, mesmo que ações nos campos da realidade educacional e social ou da produção de conhecimento no país fiquem em segundo plano. Sguissardi e Silva Jr (1997) em Estudos sobre a Reforma do Estado e a Reforma da Educação Superior no Brasil, apresentam as características principais dessas políticas reformistas do ensino que se relacionam perfeitamente às ideias centrais expressas nos discursos dos docentes: diferenciação, privatização, flexibilização e descentralização/ centralização institucionais da estrutura e sistemas de ensino no país. Os autores aprofundam esses conceitos, mas a nós, nesse momento, interessa explicitar que, conforme esses teóricos, os docentes referem a necessidade de ampliar a Pós-Graduação, porém com garantias de qualidade e de financiabilidade adequadas advindas do Estado. Enfim, o Estado assume sua função de regular e avaliar a Pós-Graduação, porém não pode negligenciar o aporte de recursos para garantir a realização plena das prioridades elencadas. O processo de avaliação da CAPES pode ser utilizado a favor dos programas e suas instituições, na medida em que provoca, através de seus representantes, a discussão dessas questões que envolvem o financiamento e propõem alternativas acompanhadas de dispositivos que garantam a aplicação de maiores recursos, enquadrados no orçamento da União e distribuídos com base em critérios transparentes. Retomo o alerta dos docentes sobre a tendência de estarmos, cada vez mais, inseridos na lógica do mercado que assola a educação, na atualidade. Um grande exemplo é a pesquisa, que apesar de priorizada pela avaliação CAPES no paradigma de “formar pesquisadores” é pressionada a ser produtora de informações, pois essas precisam ser rapidamente absorvidas pelo mercado. Assim, a pesquisa passa a servir ao mercado com produtos ou até semiprodutos que precisam ser rapidamente divulgados para serem consumidos pelas empresas. Essa relação com o campo econômico, na realidade da Pós-Graduação, traz consigo a emergência de novas práticas no cotidiano de um programa de Pós-Graduação.
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