142 Cotidiano de um Programa de Pós-Graduação em Educação: análise das políticas. Ensino. Para além das extensas discussões sobre autonomia de gestão administrativa e financeira que assolam as universidades, públicas e privadas, as dificuldades são grandes e a luta é pelo apoio do Estado à Pós-Graduação e à pesquisa. O cenário atual é descrito pelos docentes da instituição privada investigada: “A avaliação é um campo de disputa, é um campo que tem relações de poder envolvidas aí também. Tem a disputa pelos recursos. Então, nós estamos dentro dessa área, sabemos que a intenção de fazer ciência ela também não é isenta desses conflitos que estão aí na sociedade”. (DSC10). Os discursos completam-se e provocam uma reflexão sobre a política de financiamentos do ensino na Pós-Graduação. Ou seja, existem políticas que estabelecem e regulam a Pós-Graduação, porém o retorno e o apoio financeiro são muito restritos. As reformas do Estado, concebidas e executadas ao longo dos últimos anos, provocaram uma profunda redução de financiamentos aos cursos de mestrado e doutorado do país. Uma prova disso é que há tempos atrás, existia um grande percentual de alunos bolsistas que recebiam bolsas integrais para realizar o seu curso na instituição privada e isso significava que o aluno recebia os benefícios de pagamento das taxas escolares e de auxílio para sua manutenção durante a realização do curso. A contensão de despesas no Estado, atendendo à ideologia neoliberal, provocou uma alteração nos benefícios dos bolsistas. Na lógica da autonomia de financiamento e da necessidade de buscar o apoio de empresas, a CAPES publica uma regulamentação específica às instituições privadas e delega a estas a opção de transformar as bolsas integrais existentes em bolsas flexibilizadas, ou seja, o número de bolsas poderia ser duplicado mediante a redução dos benefícios ao bolsista que passaria a receber somente o pagamento das taxas escolares. Ilusoriamente, isso criou uma sensação de que o número de bolsas aumentaria, o que em termos matemáticos é real, porém os bolsistas sofreram a redução de seus benefícios e passaram a receber somente o pagamento do curso. Na nova realidade, mestrandos e doutorandos beneficiários de bolsas CAPES, por exemplo, não sabem se receberão os valores das bolsas até o final do curso.
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