138 Cotidiano de um Programa de Pós-Graduação em Educação: análise das políticas. reaparecerá quando tratarmos as representações dos docentes sobre a avaliação em larga escala. Porém, a fala da maioria dos docentes aponta que a Pós-Graduação brasileira hoje, nas suas características principais, ainda parece estar mais voltada a uma avaliação processual devido a elementos que apontam para o conjunto dos critérios que são avaliados: Se associarmos a fala dos docentes à concepção de avaliação da própria CAPES, vinculada diretamente às suas atribuições de regulamentação e acompanhamento da Pós-Graduação brasileira, primando por sua qualidade, poderíamos indicar que existe uma representação da avaliação balizada por mecanismos que consideram o processo em construção pelas instituições, por docentes e discentes deste nível de ensino. Apesar disso, algumas evidências refletem políticas e práticas de homogeneização dos processos e das ações na educação brasileira, como aparece no DSC22: “Avalia-se tudo, todos, de tal maneira que de repente nós atrelamos nossos projetos de educação como a empresa se atrela ao selo do ISO, para serem reconhecidos nossos produtos”. O valor final do curso não é a única forma de avaliar a Pós-Graduação brasileira e isso também se ouve nos discursos dos professores. Esse é o aspecto mais preocupante da avaliação para aqueles que atuam na educação, pois existe o consenso de que são necessárias as discussões e as proposições de soluções para os problemas evidenciados e não somente a utilização mercadológica dos resultados da avaliação. Horta & Moraes (2005) afirmam que são graves as consequências dessa postura hegemônica para as áreas que ficam à margem. Alguns elementos contraditórios são trazidos à discussão, como a publicação em veículos considerados “os melhores” e o pouco investimento na qualificação e cuidados com o ensino. Os pesquisadores ainda afirmam que isso é um círculo vicioso, [...] em que está entrando a Pós-Graduação brasileira: docentes de programas com alto conceito dedicam mais tempo à produção científica, garantindo assim a manutenção desses conceitos e o financiamento por parte dos órgãos que consideram fundamentalmente o conceito no momento da distribuição de verbas. Entretanto, formam menos alunos, demoram mais para titulá-los e perdem mais alunos por abandono ou desligamentos. (HORTA & MORAES, 2005, p. 101). Reforça essa nossa percepção o pensamento unânime de todos os docentes entrevistados sobre a importância desse processo para qua2 Utilizou-se a decodificação DSC e a numeração para manter o sigilo dos entrevistados, conforme normas do Conselho de Ética da Pesquisa em Educação.
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