Políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

116 Banco Mundial: análise da trajetória de influências nas políticas educacionais Estado, gestão pública e desenvolvimento. Em seu início, os cursos eram voltados para o alto escalão dos Estados-clientes e eram realizados em Washington. Com o passar dos anos, o Instituto ampliou seu grau de atuação, formando também o médio escalão, com objetivo de elaborar e executar projetos para os empréstimos concedidos pelo Banco. O IDE foi uma das maneiras encontradas de ampliar as ideias do BM, como forma de construir um quadro político e técnico que se afinasse com as propostas e as práticas do Banco nos países membros, facilitando a execução das ações institucionais e também de discursos coerentes com os princípios norte-americanos. Uma segunda maneira, segundo Pereira (2014), de organização da instituição como ator intelectual foi o envio de missões técnicas para assessoria aos países, compostas por especialistas e consultores do Banco. E uma terceira forma, ainda de atuação, foi a construção de agências paraestatais com quadros técnicos altamente qualificados, nos países clientes, que além de planejar e executar projetos financiáveis e influenciar as decisões políticas dos governos agiam nos níveis nacional e subnacional. “Tais agências, invariavelmente, estampavam o selo da neutralidade técnica atribuído pelo Banco, segundo o qual supostamente atuariam em prol do desenvolvimento de forma insulada de pressões políticas”. (PEREIRA, 2014, p. 83). A pesquisa ocupa um papel central para o BM a partir dos anos 1970, e a neutralidade foi uma das características centrais nas suas produções. Essas pesquisas foram recebendo destaque ao redor do globo como confiáveis e sem interesse além daquele obvio, expresso na ocasião da sua construção: o desenvolvimento mundial. Porém, as pesquisas destacadas pelo BM têm como fundamento, no setor educacional, as reformas nos sistemas de educação apoiadas nas mudanças do papel do Estado, nos anos 90. Essas pesquisas têm, sistematicamente, propagado que a gestão pública falhou e que devem ser encontradas novas formas de gerir o público e, nessa busca, o modelo a ser seguindo é o da gestão privada. Essa insistência na eficiência da gestão privada em detrimento da gestão pública tem a intenção de acabar com os resquícios das concepções do estado de bem-estar social, no qual o Estado é o responsável pelas políticas sociais. (PERONI, 2006). Desmantelando a ideia de que o público pode ter qualidade, só resta a autorização de uma ampla reforma que privilegie a privatização e desregulação no campo educacional. Convergem para isso uma gama de políticas que tem essa concepção em seus fundamentos: escolha escolar pela família, sistema de vouchers para famílias pobres, apostilamentos

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