Políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

107 Suelen Marchetto “E, e, muito assim, de refazer trabalho e refazer trabalho. A burocracia tá muito grande. Então vejo que o trabalho da coordenadora: tabela, tabela, tabela, tabela. Querem saber quantos alunos é que tão em PPDA em tal área”. (G1, grifos nossos). Ao falar sobre as exigências da Coordenadoria de Educação, a gestora informa que a mantenedora solicita dados de quantos alunos estão em PPDA. Assim, ela demonstra que a preocupação da coordenadoria está mais relacionada aos números para promover estatísticas, do que na orientação sobre a avaliação e sobre as formas de compreender o processo pedagógico. Em um dos questionários aplicados um professor afirma: “Gostaria que fosse eliminada a recuperação no decorrer do ano, pois isso atrapalha a vida escolar do aluno e professor, e que pudéssemos preencher menos papel”. (Q1, E2). Para este professor, o PPDA também é uma forma de recuperação (provavelmente de nota) com uma burocracia desnecessária de preenchimento de papel que, além de não agregar na vida do educando, atrapalha. O que não condiz com os princípios da avaliação emancipatória, que tem como um dos objetivos tornar o aluno sujeito de seu processo de aprendizagem e do professor replanejar suas práticas pedagógicas. Na fala de uma das gestoras aparece, no entanto, uma orientação dada pela coordenadoria que parece ser mais coerente com o que está no texto da política e com os objetivos da avaliação emancipatória: “[...] que nos foi orientado, é que assim é uma coisa progressiva, não é um trabalho. Mas é assim: o aluno foi né, alcançou CPA, tirou CPA no trimestre, tem que ser automaticamente durante o trimestre, feito trabalhos pra suprir aqueles objetivos que não foram alcançados. Então é um trabalho constante. Só que assim, quando acaba o trimestre, tu faz o PPDA. Mas aí já vai acabar o PPDA já vai começar o outro trimestre. Então assim, é uma avaliação constante...”. (G1). Esta compreensão, assinalada nesta fala pela gestora, que entende a avaliação através de objetivos não é a compreensão da maioria dos professores. Além disso, a gestora apenas fala da aplicação de outros “trabalhos”, não de replanejamento. O que chegou às escolas sobre o PPDA - e que era cobrado pela Coordenadoria da Educação com

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