Políticas educacionais: contextos e análises contemporâneas

105 Suelen Marchetto “Na minha opinião os alunos ainda não são maduros o suficiente para tal tipo de avaliação. Eles não compreendem os conceitos. Os conceitos não são justos: um aluno CSA pode ter média 60 ou 100”. (Q3E1, grifos nossos). “Seria interessante que estes conceitos deveriam estar melhor divididos pois um aluno que sabe 60% tem o mesmo “valor” de um aluno 100%”. (Q5E1, grifos nossos). Vemos, portanto, no relato dos professores o entendimento que a avaliação emancipatória transforma notas em conceitos, estes são apenas substitutivos. Eles continuam entendendo a avaliação em uma lógica de classificação, inclusive entendendo que os conceitos deveriam ser mais subdivididos para “classificar melhor”. Nos questionários, os professores em sua maioria discordam da avaliação emancipatória. Alguns justificam afirmando a injustiça dos conceitos que não “premiam” os melhores alunos. Outros professores afirmam que a avaliação emancipatória é utópica dentro da realidade atual da escola, com turmas numerosas e com tempo insuficiente para dar conta de tal avaliação. Apenas dois professores, dentre os dezesseis que responderam os questionários, aprovam a avaliação emancipatória sem objeções. Esses dois professores quando perguntados sobre avaliação emancipatória, respondem: “Uma maneira mais justa e coerente de avaliar o aluno. (Q10, E2); importantíssima para avaliar o aluno num todo”. (Q11, E2). As possibilidades para avanço de conhecimento dos alunos são vistas pela maior parte dos professores como “chances” de aprovação sem esforço dos alunos. Além disso, percebe-se nas respostas dos questionários a preocupação com um possível “incentivo” dado aos alunos através da nota. Nesta compreensão o aluno está na escola para alcançar uma “nota”, não para adquirir conhecimento. Um dos professores entrevistados fala do entendimento que ele tem sobre a função da avaliação emancipatória, como uma alternativa que o governo enxerga para melhorar os índices da educação, sem melhorar, no entanto, a qualidade da educação: “A avaliação emancipatória ela é chance em cima de chance pra aluno, sabe, ahm, ... que... ele tenha muita dificuldades mas que não aproveita todas essas chances, né. Eu acho que é pra facilitar a aprovação do aluno. O aluno é avaliado em sala de aula, é! Com material organizado, trabalhos, trabalhos

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